(Imagem/Divulgação TV Brasil) |
“Viagem à Lua”, de George Méliès, é um dos primeiros exemplos de uma produção audiovisual baseada na literatura. Lançado em 1902, o filme foi inspirado nos romances “Da Terra à Lua”, de Júlio Verne, e “Os Primeiros Homens na Lua”, de H. G. Wells. De lá pra cá, a arte literária e o audiovisual formam uma parceria de sucesso que pode ser vista nas mais diversas mídias. As adaptações literárias para o cinema e a tevê são o tema do programa Mídia em Foco, que vai ao ar na segunda-feira, dia 15, às 22h45, na TV Brasil.
O curta “Os Guaranis”, de Antônio Leal, foi uma das primeiras adaptações literárias para o cinema nacional. Baseado no romance “O Guarani”, de José de Alencar, o filme foi lançado em 1908. Nos primórdios da tevê brasileira, outras obras de Alencar como “Senhora” e “Diva” ganharam adaptações novelísticas. O autor, ao lado de Nélson Rodrigues e Jorge Amado, é um dos que mais inspiram produções audiovisuais no Brasil.
Estimular o hábito da leitura e levar obras literárias a um número maior de pessoas através de outras linguagens midiáticas. As adaptações literárias para as telas são um filão bastante explorado pela indústria audiovisual. Além do aspecto mercadológico, podem contribuir para a formação cultural do público. E nem sempre é a literatura que alimenta o audiovisual. Às vezes ocorre o processo inverso como no caso da série televisiva “Detetives do Prédio Azul”.
Para a roteirista Glória Barreto, a liberdade da arte literária depende unicamente da força da imaginação. Diferente do cinema, por exemplo, cuja narrativa esbarra em requisitos técnicos, tempo de duração, escalação de elenco, cenografia, entre outros.
"Cada meio tem uma linguagem muito específica. Cinema é uma coisa, televisão é outra completamente diferente. Literatura, então, nem se fala... Você pode fazer 'Cem Anos de Solidão', por exemplo, que é um livro que tem seis/sete gerações. Então você começa em um século, acaba no século seguinte e a produção não vai ter o menor problema, porque não tem produção", diz Glória Barreto.
O também roteirista Cláudio Felício lembra que, hoje em dia, existe a figura do escritor multimídia. “você escreve o livro, faz o roteiro, escreve para a internet. Então, a gente tá num tempo onde esse deslizamento de um suporte para o outro é muito frequente”, observa.
Gláucia Jacuk Herman, professora de Comunicação, argumenta que atualmente as adaptações literárias são a principal fonte do cinema e da televisão. “Há autores que já escrevem de uma maneira praticamente cinematográfica, a descrição tá lá pronta. E tem outros que são mais herméticos, que mexem muito mais com o psicológico. A adaptação é hoje o que mais alimenta a indústria audiovisual”, afirma a professora.
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