(Imagem/Divulgação TV Brasil) |
A identidade da música lusófona é o tema do programa Segue o Som que a TV Brasil exibe neste sábado, dia 25, às 15h. A atração destaca os pontos de contato culturais entre a produção artística dos países de língua portuguesa.
Para discutir o assunto, o apresentador Maurício Pacheco recebe o angolano Kalaf Ângelo, escritor, músico, poeta e um dos maiores agitadores culturais da Europa. Ele aborda suas influências artísticas e conta como surgiu seu projeto que levou o kuduro africano para pistas de música eletrônica ao redor do mundo, o Buraka Som Sistema.
O convidado analisa as semelhanças entre a música africana e a música do Brasil, não só fruto da mesma língua, mas também dos ritmos e, sobretudo, da expressão corporal. Kalaf compara alguns gêneros musicais genuinamente brasileiros com produções semelhantes feitas em outras partes do mundo. Também menciona personalidades da cena musical que são referência para as novas gerações.
“Quando você ouve Bossa Nova, você ouve o samba, mas ao mesmo tempo você ouve o jazz da Califórnia. O Tom Jobim e toda aquela geração tiveram esse golpe de gênio. É essa fronteira que às vezes um ouvido não treinado vê como dois mundos completamente diferentes. Quem é músico, porém, vê as afinidades, como por exemplo, quem consome a Morna de Cabo Verde, ouve um chorinho brasileiro, e encontra as afinidades, porque a música viaja, a música circula”, diz Kalaf Ângelo.
Kalaf reflete sobre como se iniciou na música, com seu trabalho com spoken word, ou seja, declamação de versos sobre melodias. Ele brinca: “Eu meio que virei aquela pessoa, como Marisa Monte em 'Amor, I love you'. Eu virei o Arnaldo Antunes que lá no final diz umas coisas e fica tudo muito profundo, cheio de sabedoria. Eu fui fazendo essa função em muitas canções”.
Ele comenta ainda sobre sua mudança de Angola, onde nasceu, para Portugal, onde vive e fala sobre sua editora musical, Enchufada, que nasceu a partir da dificuldade do próprio Kalaf de gravar seus trabalhos sui generis.
“Quando eu quis editar os discos falados, o spoken word que eu fazia, fui batendo à porta de todas as editoras que existiam e a resposta era: 'Impossível, a gente não vai conseguir vender isso', mas eu sabia que existia público, porque eu via que tinha apelo, mexia com as pessoas, mas as editoras não acreditavam. Então decidi, com o Branco, meu parceiro no Buraka, criar uma editora, pra editar os nossos discos, pra música que a gente gosta e faz”.
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