SES firma acordo de distribuição com pequenas operadoras. (Imagem/Divulgação) |
A operadora de satélites SES, a operadora MultTV e a associação NeoTV anunciaram nesta quarta-feira, 7, parceria tripartite de contratação de capacidade plurianual para fornecer conteúdo de TV linear para provedores regionais de Internet (ISPs) oferecerem aos assinantes por meio de IPTV. A ideia é utilizar a capacidade em banda C do SES-6 (lançado em 2013 e posicionado em 40º Oeste) para transmitir aproximadamente 60 canais SD e HD por meio de uma plataforma de recepção, processamento e transmissão de TV paga por satélite concentrada em um único sinal, chamado pela empresa de "headend in the sky". A expectativa é de chegar a 150 ou 180 ISPs com a plataforma em um "prazo levemente curto", conforme afirmou a este noticiário o vice-presidente de vendas para a América Latina e Caribe da divisão SES Video, Jurandir Pitsch.
O acordo, que o executivo afirma ser o único do tipo no Brasil, inclui ainda parceria com a associação de operadoras de TV de pequeno porte NeoTV para negociação com programadoras. A MultTV se beneficia dos pacotes negociados, o que permite a entrega de conteúdo de forma mais econômica. A operadora de satélites afirma que se trata de uma "abordagem neutra" da divisão SES Video, que trata de broadcasting, mídia e serviços de vídeo, ao tratar de capacidade para todos os tipos de vídeo.
Segundo explica Pitsch, o sistema é vantajoso para ISPs porque elimina as dificuldade de criar uma operação de TV paga tradicional com um headend terrestre, na qual é necessário montar grandes quantidades de antenas e de receptores, além do trabalho de codificação do sinal para o padrão do cabo/fibra. Com o headend in the sky, todo o sinal fica concentrado em um único ponto gerido pela MultTV. "Ela tem várias antenas, recebe de satélite, negocia os conteúdos com a NeoTV, codifica isso tudo no mesmo local, coloca no streaming e joga para o satélite (SES-6), então uma operação remota precisa de apenas uma antena para receber esses canais", explica.
O sinal chega via satélite totalmente em banda C "para dar robustez", com "mais de um transponder" e possibilidade de expansão conforme a necessidade, incluindo eventualmente com novos serviços como vídeo sob demanda (VOD). A capacidade atual permite pelo menos 50 canais HDs, mas a relação dependerá da negociação. O ISP poderá também incluir canais locais após o recebimento do sinal pela antena única e jogar todos para o set-top box do assinante via IPTV. "É expansível e modular; a limitação é menos técnica do que de conteúdo", declara Pitsch.
O sistema também é inédito no ponto de vista de modelo de negócios, alega o VP de vendas da SES. A parceria entre três operadoras é importante para trazer volume, especialmente na negociação de contratos de programação. "O modelo comercial foi também diferenciado, as operadoras têm dificuldades grandes de contratar capacidade satelital, então fizemos essa parceria tripartite para explorar de forma conjunta", declara.
Expectativa
A iniciativa chega em um momento em que o mercado de TV por assinatura passa por dificuldades de crescimento, mas quando os provedores regionais assumem protagonismo na banda larga por serem praticamente o único grupo a apresentar crescimento. Jurandir Pitsch explica que a negociação com a MultTV e a NeoTV começou "há um certo tempo, quando a economia não estava tão desacelerada", mas que a perspectiva é positiva. Para a SES, os ISPs devem apostar na oferta combinada porque "precisam aumentar a oferta para ter um ARPU maior, a TV é importante nisso e também para proteger o assinante da competição". Ele justifica ainda que o modelo é ideal para pequenos, que precisam de menor investimento em infraestrutura enquanto contam com maior segurança na operação e na negociação da programação.
"Temos expectativa de chegar a 150, 180 operações", espera Pitsch. "Durante a feira da Abrint (na semana passada, em São Paulo), os provedores mostraram interesse muito grande, então a gente percebe que os ISPs tinham apetite, mas dificuldade para o acesso", declara. A implantação de VOD ficará para um segundo momento, mas a SES poderia executar isso também com o headend in the sky. "Não está prevista na primeira fase, apenas serão canais lineares, mas temos a tecnologia para agregar isso sem dúvida nenhuma", garante o vice-presidente de vendas da operadora.
O conceito de "headend-in-the-sky" não é novo nem inédito. Ele foi inicialmente desenvolvido pela operadora de cabo norte-americana TCI, em meados dos anos 90, para conectar suas diferentes operações. No Brasil, já houve iniciativas semelhantes, como a Media Networks, da Telefônica. A novidade da SES é a distribuição do conteúdo em IP, o que simplifica levar o sinal ao assinante por meio de redes de banda larga e over-the-top.