Boatos, golpes baixos e desespero: os bastidores da nova guerra das TVs. (Imagem/Reprodução) |
Na última semana, após determinarem o corte de seus sinais no cabo e no satélite, as emissoras atacaram com um bombardeio de "informações". Em seus telejornais, ensinaram como fazer para deixar de ser assinante da Sky e da Net, um golpe baixíssimo em empresas que tanto dinheiro gastam, nas mesmas TVs, com anúncios para atrair novos clientes.
Enquanto isso, profissionais de marketing espalhavam que, desesperadas pela perda de quase 1 milhão de assinantes em apenas uma semana, as operadoras já tinham fechado um acordo com a Simba, a empresa criada pelas três redes para negociarem seus sinais digitais com as companhias de TV a cabo e satélite.
É verdade que as operadoras de TV paga estão perdendo assinantes, principalmente na Grande São Paulo, em um ritmo maior do que o normal. Mas nada que supere 1% ou 2% do propalado 1 milhão. Para se ter uma ideia do absurdo que é esse número: 1 milhão de assinantes é o saldo dos cancelamentos de assinaturas e das novas vendas desde meados de 2014, quando o país entrou em crise econômica.
As operadoras e as emissoras também estão longe de um acordo. Segunda maior do setor, a Sky sequer negocia. A Net e a Claro, que juntas detêm mais da metade do mercado, estão dialogando, mas rechaçam a ideia de pagar por um sinal que é aberto, gratuito.
Na semana passada, houve uma reunião entre a América Móvil (controladora da Net e da Claro) e as redes abertas. A Simba pediu R$ 15 por assinante por mês pelo sinal de Record, SBT e RedeTV!. A proposta foi recusada, e a joint venture das três emissoras ficou de propor um novo valor nesta semana.
Os dados sobre o cancelamento de assinaturas por telespectadores que não se conformam em perder o Programa Silvio Santos ou a novela O Rico e Lázaro só serão conhecidos daqui a dois meses. Uma pesquisa do Ibope feita em março indica que o corte de sinal das emissoras afetou 35% dos domicílios da Grande São Paulo que só veem TV aberta pelo cabo ou satélite. Descontados os assinantes da Vivo, não afetada pelo corte, seriam cerca de 7 milhões de telespectadores.
O impacto na audiência das emissoras foi trágico. Na média de todos os domicílios da Grande SP, com ou sem TV paga, na primeira semana de corte de sinal, a RedeTV!, a Record e o SBT perderam, respectivamente, 31%, 29% e 14% da audiência.
O estrago é ainda maior quando analisada a audiência das três redes apenas entre os assinantes de TV paga: a RedeTV! desabou 67%; a Record perdeu mais da metade do público (58%); e o SBT amargou uma queda de 51%, como mostram os números abaixo, obtidos com exclusividade pelo Notícias da TV:
Desespero mesmo tem sido visto nos bastidores das redes de TV aberta. Diretores de programas não se conformam em trabalhar tanto para obter audiências quase 80% inferiores do que tinham antes:
A queda de audiência dói na alma e no bolso das emissoras de TV. Elas vivem para isso. Bons números no Ibope alimentam egos e fazem receitas com publicidade. Nas conversas reservadas de executivos da Record e do SBT, já há dúvidas de até quando as rivais se manterão unidas e resistirão à queda de audiência. Teme-se que uma delas rompa o acordo e ceda às operadoras.
Audiência não diz muita coisa para operadora de TV por assinatura. Para elas, o que importa mesmo é não perder assinante, e isso é inevitável quando elas deixam de oferecer três redes que, juntas, representam quase 20% da audiência de seus clientes.
Vai vencer essa guerra quem conseguir ficar mais tempo sem respirar. Por enquanto, as operadoras têm mais reserva de oxigênio do que as emissoras. As informações são do jornalista Daniel Castro, do Notícias da TV.
Outro lado:
Outro lado: