TV paga enfrenta estagnação no país por conta da crise, aponta pesquisa

Usuários mudam comportamento e trocam TV paga por streaming. (Divulgação)
O mercado de TV paga ficou estagnado em 2015, refletindo a crise econômica e a mudança de comportamento dos brasileiros, que começaram a trocar a TV a cabo por serviços de streaming, como Netflix e Amazon. Dados do suplemento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), que analisou o acesso à internet, telefone celular e televisão, mostram que 32,1% dos domicílios tinham acesso à TV paga. É uma proporção igual a registrada no ano anterior. Em 2013, a fatia dos brasileiros que tinham TV a cabo era de 29,5%, de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). - Com informações Valor Econômico.

Helena Monteiro, analista do IBGE responsável pelo estudo, afirma que, por um lado, a crise econômica deixou o orçamento das famílias mais restrito; de outro, o destaque é que está em curso uma mudança no hábito dos brasileiros, que estão migrando da TV a cabo para os serviços de televisão pela internet.

É o caso do jornalista Rui Maciel, que trocou o plano de TV que assinava por canais via internet. "Fica mais barato assinar Netflix, Amazon e HBO Go, por exemplo, do que assinar o pacote mais básico de TV a cabo", disse o paulistano de 38 anos.

Proporcionalmente, a TV por assinatura perdeu clientes na área urbana, segundo a Pnad. A fatia caiu de 35,9% dos domicílios, em 2014, para 35,7% dos lares, em 2015. Já na zona rural, o número de clientes aumentou de 7,5% para 9,1%, no mesmo período.

A região Sudeste perdeu assinantes de TV a cabo entre 2014 e 2015. Nesse período, a fatia de casas com assinaturas diminuiu de 43,6% para 43,4%. Já no Nordeste apenas 16,3% dos domicílios contam com o serviço. No Norte essa fatia é de 19,9%, no Sul chega a 32,7% e no Centro-Oeste, a 30,7%.

Outra mudança de comportamento indica que os brasileiros estão substituindo o computador pessoal pelo smartphones para acessar a internet.

No ano passado, 57,8% dos lares do país tinham acesso à internet. Cerca de 40,5% dos domicílios se conectaram por meio do computador e 17,3% através de outros equipamentos. A comparação com anos anteriores mostra que há crescimento do acesso pelos aparelhos móveis e queda no uso dos microcomputadores. Em 2013, apenas 5,6% usava outros itens para navegar na internet, enquanto 42,4% usavam computadores. Em 2014, essa proporção foi de 12,8% e 42,1%, respectivamente, totalizando 54,9% dos lares conectados.

O acesso pelo telefone celular cresce no Brasil porque é mais barato e tem um custo menor de ampliação da infraestrutura. Além disso, o internauta brasileiro navega mais pelas redes sociais que em outros tipos de site e esse perfil de uso da internet favorece a utilização dos smartphones, destaca Eduardo Magrani, professor da Fundação Getulio Vargas (RJ) e pesquisador do Centro de Tecnologia e Sociedade. "O uso da internet no país é muito mais voltado para redes sociais; o desktop é usado na maior parte das vezes no trabalho", afirmou.

O salto da tecnologia e a maior popularização dos smartphones parece ter freado o crescimento do mercado de tablets no Brasil. Entre 2014 e 2015 a proporção de domicílios que possuíam o equipamento caiu de 16,5% para 16,3%. Em 2013 essa fatia era de apenas 10,8%. Em termos absolutos, 11,1 milhões de lares tinham tablets em 2015.

Apenas no Sul do país o percentual de casas com tablet cresceu no ano passado - foi de 16,2% para 16,7%. Em todas as outras regiões a fatia der domicílios que afirmaram possuir o aparelho caiu: no Sudeste foi de 20,8% para 20,6%, no Norte caiu de 8,6% para 8,2%, no Nordeste essa proporção se reduziu de 11,9% para 11,5% e no Centro-Oeste houve retração de 16,3% para 16,2%.

Essa estagnação ocorre porque os brasileiros começaram a usar o smartphone para funções que antes apenas o tablet permitia executar, avalia Helena Monteiro, do IBGE. "As pessoas escolhem mais o smartphone que o tablet, as funcionalidades ficaram mais parecidas", avaliou a pesquisadora.

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