Sky deverá ser vendida de qualquer jeito, afirrma analista. (divulgação) |
O negócio, no entanto, acendeu um alerta no mercado. No Brasil, a empresa deverá escolher o que priorizar: os ativos da TimeWarner ou da Sky. No entender de advogados ouvidos pelo Tele.Síntese, a Time Warner no país se enquadra na Lei do SeAC, que impõe limites à propriedade cruzada (operadoras de TV paga e telefônicas), por produzir conteúdo nacional.
A AT&T controla a operadora DirecTV, que tem 5,3 milhões de assinantes no Brasil por meio da Sky. As estimativas apontam para um valor de cerca de US$ 5 bilhões, equivalente a 10% da avaliação da DirecTV na América Latina, para os ativos da Sky por aqui. A venda é inevitável? “Sim, uma vez que o conteúdo é rei. Desinvestir na Sky Brasil faz sentido”, diz Akshay Sharma, analista do Gartner, ao Tele.Síntse.
Assim, a Sky não pode deter mais de 30% do capital de um canal esportivo ou de filmes, por exemplo, muito menos de emissora aberta. As empresas de radiodifusão e programação (como a Globo e a Globosat), por sua vez, não podem ter mais de 50% uma operadora de infraestrutura de telecomunicações (TV a cabo ou via satélite, banda larga e telefonia).
Com a nova dívida pressionando, todo dinheiro que entrar poderia ser usado para deixar a operadora mais preparada para um futuro em que mídia se confundirá com a internet. Até mesmo a venda de ativos em toda a América Latina pode ser interessante. “Estes ativos podem ser vendidos supondo que a AT&T possa se tornar uma OTT, aproveitando a recente aquisição da QuickPlay”, reforça Akshay.
O negócio é visto como uma jogada interessante, mas arriscada. “O plano de aquisição é uma estratégia defensiva que dá poder à AT&T moldar a evolução da indústria de TV por assinatura em seu favor. Mas para fazer isso aceitou pagar o preço completo por um negócio que enfrenta mudanças profundas”, analisa a Moody’s.
Se for aprovada, a fusão irá fortalecer AT&T, DirecTV, HBO, TBS, CNN, TNT e Warner Bros., entre outras empresas, na disputa com os fornecedores de conteúdo via streaming, principalmente a Netflix. No ano passado, 1,4 milhão de norte-americanos cancelaram suas assinaturas de TV paga _ provavelmente, passaram a pagar por um serviço mais barato, via internet.
Com a fusão, a AT&T poderá oferecer a seus 45,5 milhões de TV por assinatura e 142 milhões de banda larga, em condições mais vantajosas, as séries da HBO, como Game of Thrones e Westworld, e os filmes dos estúdios Warner Bros., produtor das sagas de Harry Potter e Batman. E vice-versa. HBO e Warner Bros. terão acesso privilegiado aos milhões de assinantes das empresas de infra-estrutura da AT&T. Levarão os seus produtos a todas as telas, das TVs de 55 polegadas aos smartphones.
O negócio entre AT&T e Time Warner segue uma tendência, que parece irreversível nos Estados Unidos, a da fusão de grandes operadores de telecomunicações e produtoras de conteúdo para enfrentar os novos jogadores da internet. Maior operadora de cabo do país, a Comcast adquiriu o controle da NBC Universal, das séries Law & Order, Chicago Fire e Bates Motel. Desde 2005, a Discovery Communications, dos canais Discovery, é controlada pela Liberty Media.
No Brasil, no entanto, essa tendência concentradora tende a não acontecer _a não ser que se enfrente a Globo e mude a lei.