Como vem mostrando há semanas o blog de Rodrigo Mattos (com exclusividade), a briga encarniçada pela exclusividade de transmissão dos principais torneios de futebol subiu de tom e já está movimentando cifras na casa do bilhão de reais: todo mundo quer ter a exclusividade dos torneios mais importantes do país. Futebol na TV é uma mina de dinheiro.
Acontece que essa guerra, mais que uma disputa corporativa acirrada, vai decidir que companhia terá hegemonia ou grande parcela de espaço na TV por assinatura brasileira nessa e na próxima década.
São quase 20 milhões de pontos de TV por assinatura instalados no pais. Só a publicidade nela movimenta mais de R$ 5 bilhões anuais (a Kantar estima em R$ 11 bilhões, mas não analisa descontos para os anunciantes, prática mais que comum em todas as TVs e outros veículos).
Estima-se que só os canais da Globosat recebam de participação nas assinaturas até R$ 3 bilhões anuais.
A Globosat tem dentro do line-up das operadoras mais de 30 canais, fora o milionário PPV Premiere e o rentabilíssimo serviço de streaming Now (falaremos disso outro dia, porque só em filme pornô o Now faturou mais de R$ 60 milhões no ano passado).
A Globosat é e sempre foi a protagonista da TV paga nacional. Só que no esporte, agora com concorrência dura, está deixando de ser, e isso indica que o setor --a TV por assinatura em si-- pode sofrer uma "revolução" nos próximos anos.
Lembrem-se que o SporTV até ontem tinha a exclusividade da maioria dos campeonatos nacionais e internacionais.
Isso começou a acabar em 2012, com a entrada do Fox Sports no Brasil (a muito custo, aliás), e agora chega ao seu desfecho com o Esporte Interativo oferecendo seis vezes mais que a Globo-Globosat para ter a Copa do Brasil.
Pois segundo as leis da vida (e do mercado), o reinado da Globosat pela primeira vez é seriamente ameaçado.
Fox Broadcasting Company (FS) e Turner Broadcasting Company (EI) são gigantescas e, principalmente, têm conteúdo esportivo de altíssima qualidade. Que antigamente, aliás, até vendiam para a Globo, como a Libertadores. Só que agora fecharam a torneira para a Globosat (as leis do mercado, as leis do mercado...)
Pela legislação brasileira, essas companhias estrangeiras de mídia têm direito de entrar no mercado televisivo por assinatura, e vieram com tudo. A Globo, pela primeira vez na história, enfrenta concorrentes muito mais poderosos e abastados, ainda que também endividados. Tudo sob controle (como ocorre com o corporativamente sensato Grupo Globo, aliás).
O que pouca gente percebe é que a companhia que detém exclusividade de mais eventos esportivos de alta qualidade é aquela que tem o maior trunfo para negociar criação futura de outros canais com operadoras. Em outras palavras: o conteúdo esportivo é o mais valioso, é o rei.
No fim das contas, para o telespectador, especialmente o que ama esportes, essa guerra entre Globo, Fox, Turner e outras que vêm aí é o melhor que poderia acontecer na TV por assinatura.