Para concorrer com OTTs, TV paga segue investindo em VOD e TV everywhere


O crescimento de serviços OTT como Netflix obrigou a indústria de TV por assinatura a inovar, criando serviços de VOD e TV Everywhere próprios. Agora, essas plataformas começam a se consolidar e atrair público maior. Para atender uma demanda crescente por conteúdo disponível a qualquer hora e em qualquer lugar, operadores e programadores seguem investindo em redes mais robustas e novas funcionalidades.

De acordo com Márcio Carvalho, diretor de produtos e marketing da Net, a empresa está investindo em sistemas baseados em nuvem e IP, e desenvolvendo sua rede de distribuição. "Cada vez mais, não basta desenvolver o set-top box e seu software. Trata-se de um ambiente todo de suporte e aplicações que precisam estar na nuvem e rodando sobre IP".

O Now, serviço VOD da operadora, conta atualmente com 30 mil títulos, e registra cerca de 40 milhões de visualizações mensais. "Realmente são modificações profundas e são irreversíveis, pois é uma demanda do consumidor. Temos trazido cada vez mais pessoas com know-how e expertise em arquitetura de sistemas para compor junto as soluções. Essas novas aplicações nos trazem mais preocupações, mas a gente tá conseguindo sair do outro lado – são aprendizados constantes", conta o executivo.

O executivo ainda citou o serviço Now Kids, lançado nessa edição da ABTA. A plataforma tem conteúdo direcionado e impede que a criança compre algo de maneira indesejada. "Esse é um dos principais públicos para esse tipo de plataforma", disse.

Rafael Sgrott, da Vivo, destacou os investimentos na criação de CDNs capazes de atender uma demanda crescente."Precisamos manter muito o foco das equipes principalmente no desenvolvimento de ferramentas de recomendação e no desenvolvimento de CDNs. A demanda é exponencial, e ai não é apenas uma questão de fazer investimentos. É preciso identificar onde estão os gárgalos." Segundo ele, a empresa está se empenhando em desenvolver ferramentas mais robustas e eficazes de recomendação. "No caso das recomendações, é preciso tomar muito cuidado para não invadir a privacidade do usuário, mas também é preciso desenvolver experiências que recomendem conteúdo de acordo com seu perfil para melhorar a experiência". O motor de recomendação do Vivo Play, conta, tem três abas: uma de recomendação, uma dividida por editorias e outra que reúne os conteúdos mais vistos pelos usuários.

Na Oi TV, um time integrado de TI e engenharia acompanhou desde o começo o desenvolvimento das plataformas lançadas pela operadora de DTH nesta edição da ABTA. A Oi anunciou na quarta, 5, a sua plataforma de TV Everywhere, a Oi Play, a extensão do serviço de gravação para as caixas mais simples da OiTV com a utilização de um pendrive, o Pen-VR, e ainda a possibilidade de realizar compras no serviço on-demand da operadora. "A forma de entregar conteúdo na TV por assinatura hoje é muito diferente de a algum tempo atrás. Entregamos conteúdo linear, e não linear também. Não acho que exista uma ruptura, acho que são complementares. Com essas evoluções que fizemos, nós nos mantemos na briga e nos mantemos competitivos", diz Bernardo Winik diretor de varejo da operadora.

"Já há uns três anos, quando lançamos nosso serviço de TV everywhere, deixamos de ser um serviço de TV por assinatura e passamos a oferecer serviço de conteúdo por assinatura. O cliente tem que ter a disponibilidade de acessar o conteúdo onde ele quiser. Batemos recorde de audiência com 1,4 milhão de telespectadores no lançamento de "Mercenários 3" e, ao mesmo tempo, nosso cliente que usa o TV Everywhere assiste em média onze filmes por mês nessa plataforma. O que vemos é que o cliente escolhe a melhore tela disponível para ele a cada momento", disse Flávia Hecksher, diretora de marketing do Telecine. "Eles são novos concorrentes, mas ao mesmo tempo nos levaram a inovar e entregar novos serviços que o consumidor estava querendo. Se o consumidor quer algo e você não entrega, ele vai encontrar em outro lugar. Nós evoluimos muito em termos de facilidade e comodidade no acesso ao conteúdo", conclui.

Competição assimétrica

Em painel promovido no congresso da ABTA nesta quinta, 6, representantes do setor voltaram a pedir simetria na competição com os OTTs. As principais reclamações se devem a disparidades na regulamentação e na tributação. "Acredito que são serviços complementares, má uma questão a ser resolvida que é a simetria. Temos toda a regulamentação da gente, as regras de empacotamento e o OTT está livre leve e solto ai. Cabe as operadoras todo o investimento contínuo para suportar a demanda por maior velocidade. Temos todas obrigações, toda regulação, toda tributação, e do outro lado alguém que está colhendo os bons frutos dessa cadeia de valor. Vai ter que ter uma solução para isso e não pode demorar, porque trabalhamo com margens extrememente apertadas". diz Rafael Sgrott, da Vivo.

"Acho que é claramente um concorrente e ainda por cima um concorrente que está concorrendo de maneira desigual com vantagens regulatórias e tributárias claras", conclui Hecksher.

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