A América Móvil, como disse o próprio presidente do grupo no Brasil, José Félix, é bastante 'pretensiosa' e quer ser a número 1 do mercado brasileiro na oferta de serviços convergentes, leia-se, TV paga, telefonia e banda larga. A companhia, que reúne Claro, NET e Embratel, vai manter os investimentos no país. "Não houve cortes de recursos (estimativas são de o aporte ficar entre R$ 6 bi a R$ 8 bi em 2015). O Brasil é prioridade. O que está acontecendo é a valorização do dólar. Os investimentos serão os planejados. Ocupar a liderança em todos os segmentos é a nossa meta. Somos muito saudáveis", sustentou Félix, em coletiva de imprensa, nesta terça-feira, 04/08, em São Paulo, antes da ABTA 2015.
O momento econômico justifica, inclusive, as projeções da ABTA, entidade do setor de TV por assinatura, de crescimento zero em 2015. Segundo Félix, é correto que o setor adote um discurso mais cauteloso. Mas a América Móvil não entende que esse 'momento' ruim será permanente. "É passageiro. As desconexões acontecem nas classes mais pobres que não podem mesmo pagar um serviço extra. Mas a crise gera oportunidades. E nós estamos trabalhando para isso".
A concorrência mais próxima da Vivo/GVT não assusta. "Eles já disseram que nós somos o alvo. Mas sempre seremos porque somos os primeiros". E no seu estilo, Féix acrescentou: "achei que quem tinha comprado a Vivo fosse a GVT".Sobre a AT&T e Sky, Félix foi mais cauteloso. "Todos estamos querendo saber o quê a AT&T ambiciona no mercado brasileiro. Se fala do oito ao 8000. Não temos ainda um desenho claro", acrescentou.
Sem revelar detalhes de estratégias comerciais, Félix deixou claro que, em função do momento econômico, onde há, sim, uma retração dos assinantes, a NET, com sua rede híbrida de fibra óptica e cabo coaxial, ficará com os clientes de maior renda econômica. A Claro DTH ficará responsável pelo atendimento às classes C, D e E, com a TV via satélite. "Somos um grupo e precisamos ter uma estratégia conjunta. Posso estimular internamente uma concorrência entre a NET e a Claro DTH, mas externamente isso é inviável. Temos que nos completar e é isso que vamos fazer. Somando forças temos cobertura nacional", frisou Félix.
As OTTs incomodam. "Elas hoje atuam mais como uma programadora tipo Telecine, HBO, e outras", destilou Félix, sustentando que o incomodo não é com a presença de mais um player, mas como o modelo de negócio, insistindo na tese que as OTTs não têm obrigações e as TVs paga as têm. "A competição tem que ser transparente para todos. Não podemos criar um preço competitivo se temos que pagar imposto e elas não. Isso vira uma questão de margem, de resultado e é injusto", insistiu.