Presidente da Sky nega corte na base, reconhece ano desafiador e pede atenção à Anatel


O presidente da Sky no Brasil, Luiz Eduardo (Bap) Baptista nega os rumores de mercado de que a operadora teria feito um write-off (cancelamento) de cerca de 200 mil assinantes no mês de fevereiro, como se comenta entre os programadores, que são remunerados com base nos dados passados pelas operadoras. "Não teve nenhum write-off", diz o executivo a este noticiário. Segundo ele, o que houve foi um descompasso nos números passados aos programadores e o faturamento efetivo no começo do ano em função da implementação de um novo sistema de billing. "Em março os números reportados aos programadores voltam ao normal. Vale a nossa base reportada à Anatel", diz Bap, confirmando o último dado da agência: 5,68 milhões de assinantes em fevereiro.

Segundo Bap, o mercado está de fato enfrentando um momento bem mais complicado em relação à inadimplência. "O que vimos no começo desse ano foi uma taxa de inadimplência 20% acima do que estávamos projetando, que já era um número alto", diz ele. "Todo mês, temos que correr atrás de 1 milhão de pessoas que não conseguem pagar em dia, mas nossas políticas de limpeza da base continuam agressivas e mais rigorosas do que a média do mercado". A Sky alega que em 50 dias o assinante inadimplente é excluído da base, contra 90 dias de alguns concorrentes.

Mesmo com o cenário adverso, a Sky ainda espera conseguir adicionar entre 300 mil e 400 mil assinantes no ano, tendo um crescimento positivo, mas o presidente da empresa teme que operadoras que entraram depois no mercado e que tenham mais clientes de menor poder aquisitivo sintam mais a retração econômica. "Também estou menos exposto em mercados onde possivelmente vamos ver a Vivo/GVT mais agressivas", analisa ele.

Custo regulatório

Para Bap, além da situação econômica mais desafiadora, o Regulamento Geral de Direitos do Consumidor (RGC) também contribuiu para o aumento da inadimplência. "Em 2015, se o mercado ficar parado, terá sido um bom ano", diz ele. "A Anatel muitas vezes age sem pensar nas consequências que as ações terão sobre o mercado", diz Bap. "Esse pode não ser o objetivo, mas é o que acaba acontecendo". Segundo ele, o Brasil pode viver quatro anos de estagnação, como foi o período de 1998 a 2002. "Se a agência não planejar seus resultados, nosso setor sentirá essa crise de maneira muito mais intensa".

Outro objeto de crítica do executivo é a proposta em discussão pela agência de uma mudança na regulamentação do Serviço de Acesso Condicionado (SeAC) para obrigar operadores de DTH a instalarem caixas híbridas, que recebam sinais de DTH e de TV digital aberta terrestre, nas cidades onde os operadores de TV paga via satélite levarem sinais locais de geradoras de TV. "A agência quer transferir para nós o custo da migração tecnológica da TV analógica para a TV digital. Quando o vinil foi substituído pelo CD, ninguém foi na minha casa me dar um CD player", provoca. Ele alega que a medida da Anatel coloca um ônus de R$ 4 bilhões sobre o setor de TV paga para resolver um problema que é do radiodifusor. "Seria mais correto, então, que os radiodifusores devolvessem a concessão", diz Bap. Para ele, é responsabilidade do concessionário de radiodifusão fazer com que as pessoas tenham condições de receber os sinais de TV aberta, e esse não é um problema dos operadores de TV paga.

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