Para crescer, operadoras de Telefonia disputam espaço na TV Paga

Com pouco espaço para crescer nos mercados de telefonia celular e fixa, teles investem em serviços de TV por assinatura para expandir suas bases de clientes.
As operadoras de telefonia têm nos serviços tradicionais, de voz e de troca de mensagens, o seu grande filão. Hoje, eles representam cerca de 60% das receitas do setor. Contudo, a guerra de preços para conquistar assinantes tem se mostrado um caminho bastante arriscado, uma vez que pressiona em demasia o caixa das empresas. Para melhorar a rentabilidade, as operadoras começaram a mirar em serviços que, aparentemente, não tinham qualquer relação com seu negócio principal: a TV por assinatura. Uma das que mais vêm apostando nessa vertente é a Oi.

Para relançar a Oi TV, que opera no sistema DTH, a empresa, baseada no Rio de Janeiro, investiu R$ 230 milhões no biênio 2013-2014. Essa bolada inclui o lançamento de um satélite próprio, para viabilizar as operações. Agora, os resultados começam a aparecer. Ao longo do ano passado, a fatia da empresa nesse segmento cresceu 50%, saindo de 4,57% para 6,65% de participação. Em números absolutos, a operadora fechou 2014 com 1,2 milhão de assinantes, de acordo com dados do último relatório divulgado pela Anatel. Nada que mude substancialmente a distribuição de forças do setor de TV por assinatura, mas não deixa de ser um desempenho significativo para a empresa, que vem perdendo mercado em todas as áreas em que atua, como telefonia fixa, banda larga e celulares.

O crescimento da Oi, evidentemente, se deu em parte à custa das líderes. A America Movil (que reúne Claro, Embratel e NET) e a Sky/DirecTV registraram pequenas variações negativas em suas participações. A primeira viu sua fatia de mercado cair de 53,45% para 51,99%, enquanto a segunda sofreu um recuo de 29,76% para 28,81%. “Estamos colhendo os resultados de um trabalho que tem como base a simplificação dos serviços”, conta Bernardo Winik, diretor nacional de varejo da Oi. No entanto, dentro de uma operação que movimentou R$ 7,6 bilhões no acumulado janeiro-setembro de 2014, e cujos investimentos estão na casa dos R$ 5 bilhões, o montante aplicado em TV pode ser considerado modesto.

Nem por isso são menos importantes. “A Oi está seguindo os passos da Embratel, que soube enxergar o potencial da TV via satélite”, afirma o analista Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco, especializada no setor de telecomunicações. No caso da Oi, esse serviço tem como principal função proteger a base de assinantes do assédio das rivais. “Temos 13 milhões de clientes de telefonia fixa e a ideia é aumentar o número de serviços consumidos por eles”, afirma Winik. Assim como a Oi e a America Movil, a espanhola Telefônica-Vivo também está se mexendo nessa área.

Com uma receita de R$ 436 milhões com as operações de TV por assinatura, apurada no acumulado janeiro-setembro, a empresa estava encostada na arquirrival Oi, que obteve faturamento de R$ 438 milhões em igual período. “Continuamos atuando fortemente no mercado de TV paga”, afirma o diretor de vídeo da Telefônica-Vivo, Rafael Sgrott. “Uma boa amostra disso é que atingimos o número de 728 mil assinantes em setembro, um acréscimo de 26,1%.” Essa diferença, no entanto, deverá ficar mais favorável para a operadora carioca, pois foi exatamente no quarto trimestre que a Oi deu a sua maior arrancada.

Dados da Anatel mostram que no último trimestre a Oi ganhou 270.710 clientes ante os 43.628 adicionados pelos espanhóis. “Fomos a empresa que mais cresceu no ano, em números absolutos”, afirma Winik, que resolveu tirar proveito das peculiaridades do mercado brasileiro, no qual nem sempre a programação é o principal chamariz para os assinantes. “Os consumidores assinam o serviço de TV paga para ter uma recepção melhor da TV Globo”, diz Winik. A partir daí, a operadora começou a assinar contratos de exclusividade com a emissora da família Marinho.

Atualmente, essas parcerias cobrem cerca de dois mil municípios pelo País afora. Em sua posição de líderes absolutos, com 10,18 milhões de assinantes, os mexicanos que controlam a Claro, a Embratel e a NET assistem à guerra travada pelas rivais de um ponto de observação privilegiado. Afinal, possuem pouco menos do que o dobro do contingente de assinantes da segunda colocada do ranking, a Sky/DirecTV (5,64 milhões). Mas, apesar da liderança folgada, o grupo controlado pelo bilionário Carlos Slim não pretende abrir a guarda. “Neste ano, vamos investir R$ 10 bilhões no Brasil”, diz Antonio João, diretor-executivo da Claro HDTV.

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