As ações da Oi despencaram na quarta-feira, 08, no mercado, como reflexo da saída do presidente executivo Zeinal Bava da operadora de telefonia.
O mercado também reagiu às incertezas sobre o futuro da companhia, que está em meio a um processo de fusão com a Portugal Telecom (PT).
Os papéis preferenciais da companhia fecharam em queda de 8,73%, a R$ 1,52, entre as maiores baixas do índice Ibovespa.
A saída de Bava já era dada como certa no mercado. A imagem do executivo moçambicano, que antes presidia a Portugal Telecom (PT), ficou arranhada com os principais acionistas brasileiros depois que veio à tona o calote tomado pela PT de 897 milhões em julho.
O escândalo surgiu dois meses depois de a Oi ter feito uma captação bilionária - de quase R$ 14 bilhões, dos quais R$ 8,2 bilhões levantado pelos bancos e R$ 5,7 bilhões dos ativos da PT - para viabilizar a fusão com a operadora portuguesa.
O executivo Gontijo Bayard, atual diretor financeiro, assumiu a presidência da Oi e deverá acumular as duas funções, até que um nome de confiança dos acionistas seja aprovado. Amos Genish, ex-GVT, teria sido sondado pela Oi para presidir a companhia.
A empresa, no entanto, desmentiu nesta quinta-feira, estar em conversas para que Genish assuma.
Em relatório, a Concórdia afirmou que a saída de Bava traz um viés negativo para o papel da Oi "tendo em vista o processo de reorganização operacional que vinha sendo conduzido sob sua batuta e o histórico favorável acumulado à frente da PT".
A casa recomendou cautela com o papel e disse que este deve permanecer volátil, "ao sabor das mais diversas possibilidades".
O valor de mercado da Oi tem recuado nos últimos dias e está avaliado em quase R$ 13 bilhões. Sua dívida é de R$ 46,2 bilhões.
Além da saída de Bava, a Concórdia lembrou que se especula no mercado a possibilidade de venda dos ativos da PT, que teria como potencial interessada a francesa Altice, abrindo espaço para redução de alavancagem da Oi e investida sobre a TIM.
Para Andrew T. Campbell e Daniel Federle, do Credit Suisse, a renuncia é negativa para a empresa, uma vez que representa uma ruptura no processo de reestruturação.
Para o banco, a falta de continuidade de CEOs na Oi ao longo dos anos é negativa para o desempenho operacional da empresa. No entanto, avaliam que a mudança sinaliza que movimentos estratégicos podem estar em andamento.
Venda
A principal possibilidade seria a venda de ativos da PT, evento que pode ser positivo para levantar fundos para uma possível oferta pela TIM.
Os analistas do Credit calculam que, se vendidos por 6,5 bilhões, a operação pode levar a uma desalavancagem do balanço da Oi para quase 3,5 vezes a relação dívida líquida/Ebitda ante o nível atual de 4,7 vezes.
Fonte ligada à Oi afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que a empresa vai seguir o cronograma para ir ao Novo Mercado da Bovespa até o fim do primeiro trimestre de 2015.
"O ativo da PT é considerado estratégico. Só entraria na negociação se permitir um potencial processo de consolidação no Brasil", disse. A empresa colocou à venda outros ativos, como a fatia de 25% da PT na angolana Unitel, cabos e torres.
A empresa contratou, no fim de agosto, o BTG para estudar propostas de consolidação, que prevê um fatiamento da TIM Brasil, que pertence à Telecom Itália, junto com a América Móvil, dona da Claro, e Telefônica/Vivo.
Semanas depois, a TIM Brasil disse que está interessada fazer uma fusão com a Oi.
Essas duas propostas estão sendo consideradas pelos acionistas brasileiros da Oi, que, segundo fontes, pretendem se desfazer de suas ações no futuro.
A equipe do UBS afirmou que Bava era visto como um dos principais apoiadores de um fatiamento numa eventual compra da TIM por concorrentes.
Com a renúncia, aumentam as incertezas sobre o potencial do movimento de consolidação no país.
O fato é que os recentes anúncios tem deixado o mercado confuso, segundo analistas. Com a revisão dos termos da fusão, por causa dos papéis da Rioforte, braço não financeiro do Grupo Espírito Santo (GES), a fatia da PT caiu de 37,4% para 25,3%.
No dia 8 de setembro, os acionistas da PT aprovaram o acordo, com 98,25% de aprovação. Ontem (08), contudo, os acionistas minoritários, representados pela Associação de Analistas e Investidores Técnicos do Mercado de Capitais (ATM), entraram com ação na Justiça para impugnar as decisões dessa assembleia, segundo o jornal português Diário Económico.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.