Integração das operações da América Móvil no Brasil poderá ocorrer até 2016

As atividades da América Móvil (AMX) no Brasil estão indo bem, e, na avaliação dos próprios diretores do grupo mexicano, a fusão das controladas Claro, Embratel e Net só ajuda. Segundo o CEO da AMX, Daniel Hajj, em conferência com analistas nesta quarta, 12, o EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) tem exibido aumento no País - no ano passado, o EBITDA foi de R$ 7,8 bilhões (alta de 6,3% no ano). Isso é atribuído a efeitos já sentidos da integração entre as companhias.

Essa unificação das empresas é um processo já iniciado, mas a finalização poderá não ocorrer até 2016. "É um longo caminho a percorrer no Brasil. Já começamos a ver benefícios da integração, mas você verá mais nos próximos dois anos", declara Hajj. Isso em um cenário ideal. "Depende muito da economia no Brasil, do jeito que ela vai evoluir neste ano. A integração das companhias vai depender disso".

O aumento do EBITDA nas operações brasileiras, segundo a empresa, deu-se pela redução de "certos custos associados à integração das companhias", embora as multas referentes à publicidade em 2012 tenham afetado negativamente os resultados daquele ano. De qualquer forma, Hajj explica que unificar a Claro, Embratel e Net ainda vai trazer mais benefícios à AMX. "O primeiro movimento é a infraestrutura, e lá você pode ter mais capacidade, mas menos custo e Capex", detalha.

Outra vantagem é a integração de marca (como se pode perceber com a adoção do nome ClaroVideo pela Net recentemente) e, naturalmente, a oportunidade de fazer vendas com os diversos produtos do portfólio do grupo. "A Net está começando a vender wireless (Claro), e o wireless está vendendo DTH", exemplifica o CEO da América Móvil. O próximo passo, diz, será a integração do staff, dos call centeres e dos data centers. "Todas essas coisas podem melhorar os custos e poderemos dar serviços melhores ao consumidor", diz.

Operações móveis

Enquanto a integração não é finalizada, as operações móveis mostram saúde. A base pós-paga da Claro tem aumentado 10% em relação ao ano anterior, e 20% na assinatura de dados. O executivo destaca que a utilização do Facebook, Twitter e WhatsApp tem promovido o crescimento dos serviços de dados no Brasil, mas ressalta que houve recuo nas receitas de SMS e de serviços para BlackBerry. Outra queda é com receitas de interconexão, realidade que todas as outras operadoras brasileiras têm enfrentado.

O grupo tem uma estratégia de crescimento no pós-pago desde 2012, e a tendência tem sido observada também no Brasil. Mas a empresa aumentou "de três a quatro vezes" também receitas em handsets, especialmente com smartphones e tablets. "É uma tendência no México, Brasil, Colômbia e Chile, vemos um crescimento significante em equipamentos", declara Daniel Hajj.

Se há crescimento em dados e pós-pago, obter mais espectro para aumentar a capacidade e cobertura disponível do 4G parece ser uma boa ideia. Hajj reconhece isso, mas critica a demora do governo brasileiro em divulgar os termos e condições do leilão da faixa de 700 MHz, que pode acontecer ainda em 2014. De acordo com o executivo, a Claro entrará no leilão dependendo de eventuais obrigações impostas pela Anatel. "A faixa é importante, mas precisa ver as condições disso, se vai precisar de (grande) quantidade de Capex e novas cidades que precisaremos servir, ou se não haverá condições de cobertura. Ainda não sabemos, não está claro, o governo não lançou nenhuma definição clara dessas frequências", disse ele.

Sobre uma eventual consolidação do mercado brasileiro de telefonia móvel com a possível venda da TIM, o CEO da América Móvil preferiu dizer apenas que está acompanhando o desenrolar dos fatos. "Estamos também interessados com o que acontece no Brasil, mas não temos nada, são apenas rumores, não estamos fazendo nada. Talvez haja consolidação no Brasil, não sabemos, mas estamos interessados se acontecer", declara. Hajj negou ainda ter havido conversas com o Ministério das Comunicações ou a Anatel.

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